sexta-feira, 29 de julho de 2005

Quem tem medo de Elis Regina?

Elis ReginaQuem nunca ouviu falar de Elis Regina? Só se for surdo, né?! Mesmo assim já leu algo a respeito...
Como a maioria dos seres humanos comuns eu também conhecia algumas músicas interpretadas por uma das melhores cantoras que já estiveram entre nós e ouvira alguns boatos, opiniões e especulações a respeito da sua personalidade.
Sempre concordei que se trata de uma cantora fenomenal. Isso é indiscutível. Mas estou cada dia mais apaixonada por essa baixinha de gênio forte. É normal me tornar fã primeiro da personalidade de determinados artistas pra depois dar ainda mais ouvidos às suas obras. Não me entendam mal, ouço de tudo e, por ser apaixonada por música, reconheço valor em obras antes desconhecidas por mim. E talves por isso não me "apego" aos artistas. São tantos... e tantas obras maravilhosas...
Mas há vezes em que acontece, tenho que admitir. Foi o mesmo com a Alanis Morissette, me apaixonei por uma entrevista que li e só depois conheci melhor seu trabalho (o que só me tornou ainda mais fã dela). Com Lenine foi por intermédio da Lorena Calábria e uma entrevista divertidíssima no Multishow (a partir de então ele passou a ser meu "Príncipe de Olhos Verdes" e seus rítmos e a percussão que faz no violão mereceram ainda mais a minha atenção).
Fechando o triângulo, que com a recente chegada de Elis está se transformando num quadrado, está Zélia Duncan. Essa não me conquistou em apenas uma entrevista como os outros. Veio aos poucos, ganhando espaço... Me dei conta do quanto era fã dela quando fiz todo o possível pra ir a um show dela no Canecão (e consegui), cantei todas as músicas (nem eu sabia que sabia todas) e estava extremamente feliz por estar lá (mais do que o normal). Esse show entrou pra minha história também por motivos pessoais, o que só aumentou meu carinho por ela.
Mas eu falava de Elis. Um dos personagens ilustres do livro que acabei de ler - "Noites Tropicais - Solos, Improvisos e Memórias Musicais" de Nelson Motta. Em todos os livros, filmes e até mesmo seriados e novelas, sempre tem um personagem com o qual nos identificamos mais. Seja por algo que temos em comum ou por admirar algo que não temos. E o meu favorito dessa vez foi Elis.
Nelson Motta fala desta pequena com muita admiração e, talves influenciada por isso não sei até que ponto, despertou minha atenção e minha curiosidade. Baixei todas as músicas que encontrei. Não consigo parar de ouví-la.

Foto extraída do livro 'Noites Tropicais'

"Com 19 anos, Elis, filha de uma lavadeira de Porto Alegre, e Simonal, 22, filho de uma lavadeira carioca, eram as melhores vozes e as maiores revelações da nova geração. A maior influência dos dois não tinha sido João Gilberto mas Lennie Dale, que introduziu no Beco das Garrafas o profissionalismo americano, os ensaios exastivos, um jeito de cantar que aproximava o samba mais da Broadway do que do jazz, com um fraseado exuberante, uma ênfase nos ritmos dançantes e uma atitude extrovertida - em tudo opostos ao intimismo minimalista da bossa nova.
(...)
Em São Paulo, 1964 foi um ano decisivo para Elis Regina. Com sua voz potente e seu temperamento explosivo, a baixinha foi o ponto mais alto do show (...) que Walter Silva produziu no imenso Teatro Paramout (...). Elis era gaúcha mas não tinha nenhum sotaque, nem paulista ou carioca, cantava numa perfeita dicção nacional, sua voz tinha a exuberância extrovertida dos grandes sambistas, o sentido harmônico dos grandes jazzistas, o volume e a potência das grandes vozes. (...) Só não saiu do palco carregada pelo público porque não quis.
(...)
Com "Arrastão", uma melodia bem construída e de forte apelo popular, e com a letra de Vinicius engendrando uma fantástica história em que Iemanjá em pessoa vem na rede dos pescadores, Elis passou como um trator sobre as finalistas do I Festival da Música Brasileira no palco da TV Excelsior, em Ipanema, ganhando também o prêmio de "melhor intérprete". (...) Elis explodia na entrada da massa de cordas e sopros, o aplauso era unânime e entusiástico. Na maneira que Elis cantou, na exuberância de seus gestos, na utilização que fez das mudanças de ritmo, em seu fraseado..."

... foi impossível não me apaixonar. Além dessa, há no livro também outras personagens maravilhosas.

Esse post já está maior do que eu tinha previsto. Me empolgo quando falo de algo (ou alguém, ou as duas coisas) que amo. Mas fica a recomendação do livro. É divertido, quase um "diário de bordo" da música brasileira. Mas, além disso, ouçam Elis. Melhor ainda, sintam Elis Regina. Sem medo.

10 comentários:

Normanda Asterixiana disse...

O que incomoda, principalmente para o pessoal da minha geração que conheceu um pouquinho melhor, é a exposição excessiva, principalmente na época da morte dela e tal. Mas concordo que ela é fenomenal e ouço com muito gosto, sim. Minha predileção é pela interpretação que ela fazia das músicas do João Bosco.
Da tua tri - qradrilogia, entretanto, meu preferido é o Lenine. Acho ele muito massa.

E o carinho, ainda que inexplicável, menina linda, é recíproco, viu? Um grande beijo.

Anônimo disse...

Falou, falou, falou, e não falou quase nada dela!

Isa Colucci disse...

Comentário típico de quem quer tudo mastigado, né Rafa?!
Leia o livro (ou pesquise em outros lugares), ouça as músicas... sei lá, dá seu jeito! rs

Anônimo disse...

Mastigado uma ova!

Você escreveu um post enorme e não disse absolutamente nada de importante sobre ela.

Era pra falar da Elis ou do que você sente por ela?

Normanda Asterixiana disse...

Rafa, deixa de ser pentelho. Já ouviu falar em Google?

Anônimo disse...

Não deixo não! : P

Isa Colucci disse...

Rafael... fica na sua aí, ok?! rs

Anônimo disse...

aí, elis é foda. enquanto eles discutem, eu reforço a normanda:
ela era ótima intérprete.
e o que eu quero mesmo saber, é sobre o que você, minha fofinha, pensa sobre o mundo e seu habitantes.. escreva como quiser em seu blog, desde que fale o que pensa...te amo

Anônimo disse...

Você se supera a cada dia,hein!?Elis Regina precisa ser ouvida e estudada sempre(essa vai para vc Rafael,pesquise!!!)E,quanto a vc Bela,bom trabalho.
Bjus.

Anônimo disse...

Po, Rafael, quer saber nais da Elis, pesquisa!!!Eu adorei ouvir vc faler do q sente, Bela!
Bjos.