Talvez seja inevitável falar de política com o seguir do post. Talvez seja inevitável levantar bandeiras no possíveis comentários, mas não foi esse o objetivo que me trouxe pro teclado.
Sou o tipo de pessoa que tem aqueles sonhos utópicos e acha que pode contribuir (e muito) pra melhora do mundo.
Amo meu país. De verdade. Não saíria daqui pra morar em nenhum outro lugar. Nem mesmo legalmente. Nem mesmo se não estivéssemos vivendo uma "era de terror".
O que tá difícil de entender são as pessoas. Antes fingiam não ver determinadas coisas por comodismo ou sei lá o que. Não estava afetando a elas, então pra que tomar alguma atitude? Uma vez por semana ao ir trabalhar passavam por alguém dormindo na sua porta e... nada. O máximo que era feito: chamar o porteiro para tirar o infeliz que está no meio do caminho.
Tudo isso gerou uma banalização tão grande dos direitos do outro, do que há de errado, que a acomodação foi tomando cada vez mais espaço.
Tudo está a cada dia mais às claras. Não sou ingênua a ponto de pensar que não existia violência ou corrupção antes. Mas agora o odor tá incomodando a todo mundo (pelo menos acho que devería incomodar). A imprensa livre (ao contrário da época da ditadura) joga pra dentro das casas todo o lixo que se fingia não ver. Mas parece que as pessoas estão acompanhando os fatos como acompanham a novela das oito. Estão tão entorpecidas que não se movem, não falam no assunto (a menos que seja para fazer piadas), não lutam por ideais (se é que ainda os têm).
Conversando com a minha mãe, ouvi a respeito do papel dos estudantes na época dela. Das manifestações. Da forma com que se expressavam. E me lembrei das manifestações que eu participei - movimentos estudantis, época do grêmio (é eu fui do grêmio no ensino médio, mas era uma das poucas que faziam alguma coisa além de jogar video game lá), participações da bateria feminina em passeatas na Rio Branco... Poucas pessoas participavam. A maioria dos alunos que se indignavam a ir tinham por objetivo fazer bagunça, matar aula tendo justificativas "plausíveis", tirar onda dizendo que estavam lá, qualquer coisa menos o propósito de tudo aquilo. Parecia um enorme circo e eu me sentia uma palhaça lá no meio. Deixei de ir.
Lendo o livro do Nelson Motta (que não tem cunho político, mas me fez lembrar das aulas de história e, mais ainda, das grandes conversas que eu tinha com o Biar - professor) percebi que não se tinha tanto espaço como se tem hoje. As pessoas são livres agora, mas parece que não se deram conta ainda.
Não tenho uma fórmula milagrosa para resolver as mazelas do nosso país. Não tenho muito orgulho disso, mas admito que faço parte da geração coca-cola. Não sei exatamente o que fazer para começar a tornar meus sonhos utópicos realidade (alguma sugestão?). Acredito que a música tenha mais poder do que as pessoas imaginam, mas ainda tenho muito chão pra percorrer e preciso comer muito feijão com arroz pra conseguir "usá-la" a meu favor. A nosso favor. A favor desses ideais de paz, de respeito a todos, de justiça (porque é uma das melhores formas de demonstrar esse respeito).
Quando comecei a digitar essas palavras não sabia exatamente o que queria dizer (e talvez ainda não saiba), mas precisava começar a falar. Parece que uma palavra vai puxando outra e eu começo a entender o que eu mesma estava pensando. Admito, estou perdida e não sei o que fazer ou por onde começar (aliás estou me sentindo assim em todos os "campos" da minha vida, mas isso é papo pra outro post), então resolvi colocar aqui uma cascata de dúvidas e pensamentos incompletos. Quem sabe não haja alguém com a outra metade deles?